Este módulo é um recurso para professores 

 

Perspetivas sobre as causas do crime e os fatores coadjuvantes

 

Qualquer explicação sobre as causas e os fatores coadjuvantes da criminalidade organizada considerados no vazio, é dificilmente exaustiva. Não obstante, a combinação dos fatores que consideram pode fornecer, uma imagem útil e exaustiva destes elementos. A conclusão é apoiada por um número considerável de investigações e estudos baseados em entrevistas sobre a temática.

Causas e fatores coadjuvantes da participação de mulheres e meninas nos grupos criminosos organizados: o exemplo da Cidade do Cabo

Com base em entrevistas a mais de 30 mulheres membros de gangues da Cidade do Cabo, África do Sul, um estudo identificou os fatores que facilitaram a filiação dessas mulheres nos gangues, variando entre a adolescência até à meia-idade. É importante notar que as conclusões deste estudo não são necessariamente representativas do envolvimento mais amplo das mulheres na criminalidade organizada. No entanto, ajuda a compreender e destacar as experiências de mulheres envolvidas no meio dos gangues da Cidade do Cabo. (Shaw and Skywalker, 2017)

As entrevistas revelaram diversos temas que podem, em parte, ser entendidos como causas ou fatores coadjuvantes para se filiarem a gangues:

1)     Sentimento de pertença e família

Muitas das mulheres entrevistadas disseram que se filiaram a gangues, porque lhes davam um sentimento de pertença que elas não tinham nas suas famílias biológicas, muitas vezes em contextos de violência, e disfuncionais. Fazer parte destas famílias de gangues também lhes proporcionava o sentimento de segurança, como proteção, e recursos (e.g. dinheiro, vestuário e jóias). Muitas destas mulheres juntaram-se aos gangues por terem iniciado romances com membros masculinos desses grupos.

2)     Proteção

Um motivo comum apontado por estas mulheres para se juntarem aos gangues, foi a proteção que lhes era proporcionada. Fazer parte das “famílias” dos gangues confere-lhes segurança em ambientes, muitas das vezes, perigosos, nos quais as mulheres são particularmente vulneráveis a violência sexual e doméstica.

No entanto, muitas mulheres notaram que ainda estavam sujeitas a violência no gangue (e.g. pelos seus companheiros que eram membros do gangue).

3)     Recursos

O gangue também concede recursos que, de outra forma, não conseguiriam adquirir ou aceder, como peças de joalharia, carros e vestuário. O acesso a estes bens era feito, frequentemente, através dos namorados das mulheres e dos chefes dos gangues.

4)     “O caminho de menor resistência”

Algumas mulheres assumiram que juntarem-se ao gangue era mais fácil do que lhes resistir – era o caminho de menor resistência. Juntarem-se ao gangue também lhes permitia “recompensas imediatas” como resultado.

5)     Sub- e desemprego na economia lícita

Muitas mulheres assumiram que os gangues lhes concediam acesso a melhores oportunidades, com maiores recompensas, quando em comparação com os trabalhos na economia lícita que estavam disponíveis. As poucas oportunidades comuns de emprego que as mulheres encontravam era, frequentemente, no setor do retalho, o que era descrito como “aborrecido e mal remunerado”.

6)     Abuso de substâncias

De acordo com algumas das mulheres entrevistadas, elas viam os gangues como uma das opções que lhes restava por causa da sua luta contra o abuso de substâncias. O seu vício tornava difícil encontrar um trabalho lícito estável, e tornava-as particularmente vulneráveis à violência. Os gangues ofereciam, não só proteção (até um certo ponto), como o acesso a essas substâncias.

A figura 6.2 é ilustrativa de como a conduta criminosa pode emanar de diferentes tipos de influências causais como são explicadas pelas abordagens ética, clássica, positivista e estrutural. Pode ver-se como os diferentes tipos de influências se podem apresentar para indivíduos diferentes em situações distintas.

Figura 6.2      Perspetivas sobre as Causas do Crime e os Fatores Coadjuvantes

 
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