Aumento do tráfico de crianças causa preocupação, segundo novo relatório do UNODC

05 de janeiro de 2013 - O Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas 2012, publicado em dezembro pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), revela que 27 por cento de todas as vítimas de tráfico de pessoas oficialmente detectadas em todo o mundo entre 2007 e 2010 são crianças, 7 por cento a mais que no período de 2003 a 2006.

"O tráfico de seres humanos exige uma forte resposta baseada na assistência e proteção das vítimas, numa rigorosa aplicação do sistema de justiça criminal, numa política de imigração sólida e numa firme regulação do mercado de trabalho", disse sobre os resultados Yury Fedotov, Diretor Executivo do UNODC.

Também é preocupante o aumento do número de meninas vítimas, que representam dois terços de todas as crianças vítimas de tráfico. Meninas agora constituem de 15 a 20 por cento do número total de vítimas detectadas, incluindo adultos, enquanto meninos representam cerca de 10 por cento, segundo o relatório baseado em dados oficiais fornecidos por 132 países.

Dentro deste quadro global existem variações regionais significativas. Enquanto o percentual de crianças vítimas detectadas é de 68 por cento na África e no Oriente Médio, e de 39 por cento no sul e no leste da Ásia e no Pacífico, a proporção cai para 27 por cento nas Américas e 16 por cento na Europa e na Ásia Central.

A grande maioria das vítimas de tráfico são mulheres, representando entre 55 e 60 por cento de todas as vítimas identificadas no mundo. No entanto, a proporção total da soma de mulheres e meninas aumenta significativamente para cerca de 75 por cento, com homens constituindo cerca de 14 por cento do total de vítimas detectadas. No entanto, este quadro não é uniforme já que uma em quatro vítimas é do sexo masculino.

Fedotov reconheceu a existência de lacunas no conhecimento sobre este tipo de crime atualmente e a necessidade de dados abrangentes sobre infratores, vítimas e os fluxos de tráfico. Ainda assim, estima-se que o número de vítimas de tráfico atinja os milhões.

Vítimas de 136 países foram detectadas em 118 países entre 2007 e 2010, período no qual foram identificados 460 fluxos distintos de tráfico. Cerca de metade de todos os casos ocorreram dentro de uma mesma região, com 27 por cento ocorrendo dentro de fronteiras nacionais. Uma exceção é o Oriente Médio, onde a maioria das vítimas detectadas são provenientes do leste e sul da Ásia.

Vítimas de tráfico da Ásia Oriental foram detectadas em mais de 60 países, tornando este grupo o mais disperso geograficamente pelo mundo. Na Europa Central e Ocidental é onde se encontraram as vítimas provenientes de um maior número de países.

Existem diferenças regionais significativas quanto às formas de exploração detectadas. Países da África e da Ásia geralmente interceptam mais casos de tráfico para trabalho forçado, enquanto que a exploração sexual é mais frequentemente detectada na Europa e na América. Além disso, o tráfico para remoção de órgãos foi detectado em 16 países ao redor do mundo.

O relatório levanta preocupações sobre o baixo índice de condenações - 16 por cento dos países que forneceram dados para o relatório não registraram nenhuma condenação por tráfico de pessoas entre 2007 e 2010. Por outro lado, 154 países ratificaram o Protocolo das Nações Unidas sobre o Tráfico de Pessoas, do qual o UNODC é o guardião. Um progresso significativo foi feito em termos de legislação, já que agora 83 por cento dos países possuem uma lei de criminalização do tráfico de pessoas de acordo com o Protocolo.

Acesse o Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas 2012 (em inglês).

Informações relacionadas:

Sumário executivo (em inglês e espanhol)

Perfis dos países (em inglês)

África e Oriente Médio

Américas

Europa e Ásia Central

Sul da Ásia, Leste da Ásia e Pacífico

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