UNODC realiza oficinas de fotografia em presídios do Distrito Federal abrindo diálogo sobre direitos humanos, gênero, saúde e violência no sistema prisional


 

Oficina de fotografia no Núcleo de ensino e aperfeiçoamento profissional do Centro Provisório de Detenção de Brasília

Brasília, 13 de novembro de 2014 - "Gostei da liberdade só de sair circulando", afirmou um dos internos do Centro Provisório de Detenção (CPD) do Distrito Federal, ao final da primeira oficina de fotografia realizada pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em parceria com o Ministério da Saúde e com apoio da União Européia no Brasil.

As oficinas foram realizadas nos dias 10 e 11 de novembro. O primeiro dia de oficinas foi dedicado aos servidores do sistema prisional. Nesta primeira etapa participaram 17 servidores das áreas de saúde, administração, segurança e assistência social do presídio. O segundo dia, foi voltado unicamente para internos. Entretanto, a pedido dos detentos, os professores do Núcleo de ensino e aperfeiçoamento profissional (NUEN) do Centro Provisório de Detenção (CPD), também participaram das oficinas. "Acho que é melhor com a presença dos professores porque me sinto a vontade com eles", afirmou um dos internos. Assim, no segundo dia, contamos com a participação de 15 internos e quatro professores.

A oficina de fotografia foi apenas a primeira atividade de um dos projetos do Escritório de Ligação e Parceria do UNODC no Brasil, que tem como objetivo desenvolver uma metodologia de capacitação e sensibilização sobre direitos humanos no sistema penitenciário. A proposta é utilizar imagens que retratem situações de vulnerabilidade relacionadas à promoção e/ou à violação de direitos humanos no cotidiano das prisões para promover uma discussão sobre o assunto, com foco em questões de gênero, violência e saúde, mais especificamente na prevenção da AIDS, das hepatites virais e da tuberculose.

Para isso, o projeto começa com uma oficina de fotografia de dois dias, na qual os participantes têm a chance de expressar seus olhares sobre o ambiente prisional, através da captura de imagens que representem as percepções e os sentimentos de quem vive o cotidiano dos presídios brasileiros. As atividades envolvem tanto detentos quanto profissionais que trabalham nos presídios que compartilham diariamente espaços internos específicos, mas que possuem perspectivas e papéis diferentes.

Na primeira oficina, os participantes aprendem noções básicas de fotografia e recebem câmeras digitais para registrar qualquer lugar, objeto ou pessoa que tenha um significado para eles, dentro dos ambientes em que vivem, circulam e trabalham nos presídios. Na segunda oficina, os participantes analisam e selecionam suas fotos.

As imagens produzidas pelos participantes serão utilizadas na segunda etapa do projeto que também será dividido em dois dias de atividades. Nesse segundo momento, será realizada uma discussão sobre direitos humanos a partir das fotografias selecionadas pelos participantes que servirão para abrir um espaço de diálogo sobre as relações e percepções entre pessoas encarceradas e profissionais do sistema prisional, abordando conceitos e diretrizes sobre gênero, vulnerabilidades, promoção à saúde, prevenção de doenças e violência.

Saiba Mais:

A primeira edição do projeto teve inicio em agosto de 2013 na Penitenciária Feminina Madre Pelletier e no Presídio Central de Porto Alegre e teve como resultado a exposição "A Liberdade de Olhar". A exposição é composta por um acervo de fotografias resultantes das duas oficinas que foram realizadas com 17 internos e 18 profissionais dos presídios em Porto Alegre. No total, mais de 100 imagens que retratam o cotidiano dos dois presídios, clicadas nas oficinas por quem vive essa realidade todos os dias, foram exibidas em impressões e numa projeção junto a relatos dos participantes. A exposição aconteceu, em 2013, na Usina do Gasômetro e na Praça Quinze de Novembro em Porto Alegre e em 2014 foi levada para a Consulta Global para prevenção e tratamento para o HIV/Aids, atenção e suporte às pessoas vivendo com HIV/Aids em sistemas prisionais que ocorreu em Viena.

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