UNODC e Ivete Sangalo promovem coletiva de imprensa sobre a Campanha Coração Azul contra o Tráfico de pessoas

 
Rafael Franzini, Ivete Sangalo e Jorge Chediek

Brasília, 05 de dezembro de 2014 - No dia 04 de dezembro, a imprensa se reuniu na Casa da ONU, em Brasília, para a apresentação do Relatório Global sobre o Tráfico de Pessoas, desenvolvido pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), e para conhecer um pouco mais sobre a Campanha Coração Azul contra o Tráfico de Pessoas, cuja Embaixadora da Boa Vontade é a cantora Ivete Sangalo.

Ainda assim, Rafael Franzini, Representante do Escritório de Ligação e Parceria do UNODC no Brasil, destacou que já há um projeto de lei tramitando no Congresso para reformar o Código Penal no que tange ao tráfico de pessoas. "O Brasil tem feito grandes avanços para adequar sua legislação ao Protocolo de Palermo. Com isso, certamente o enfrentamento ao tráfico de pessoas será ainda mais eficaz. E os países do continente americano também estão em um momento de muita cooperação para enfrentar este crime", conclui Franzini.

O Representante do UNODC destacou ainda a importância da imprensa no enfrentamento ao tráfico de pessoas, porque ajudar na disseminação do conhecimento sobre este crime. Franzini também agradeceu ao Grupo Globo, que dá um grande apoio à Campanha Coração Azul contra o Tráfico de Pessoas e ao UNODC.

Para Jorge Chediek, Coordenador Residente do Sistema Nações Unidas no Brasil, é fundamental olhar para as razões que levam as pessoas a aceitar propostas de trabalho suspeitas. Segundo ele, se a pessoa está em situação de vulnerabilidade, certamente, a probabilidade de aliciamento dessa pessoa para o tráfico de seres humanos é muito maior.

Como Embaixadora da Campanha Coração Azul contra o Tráfico de Pessoas, Ivete Sangalo deixou claro que seu objetivo é emprestar sua voz àqueles que não podem falar e denunciar. Para ela, a denúncia é de grande ajuda para o enfrentamento a este crime, mas as pessoas tem medo de denunciar, porque sentem que suas vidas e a de suas famílias podem estar em risco.

"Quero que as pessoas que estejam em situação de risco saibam que elas podem e devem denunciar. Só assim poderemos investigar os casos e, no futuro, acabar com este crime que destroi a vida de milhares de pessoas. É por isso que eu quero usar a minha fama e o espaço que eu tenho na mídia para levar essa mensagem a todo o Brasil", declarou Ivete.

O Relatório Global 2014 sobre Tráfico de Pessoas divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mostra que, em cada três vítimas conhecidas de tráfico de pessoas, uma é criança - um aumento de 5% em comparação com o período 2007-2010. As meninas são 2 em cada 3 crianças vitimadas e, em conjunto com as mulheres, representam 70% das vítimas do tráfico total no mundo inteiro.

"Infelizmente, o relatório mostra que não há lugar no mundo onde crianças, mulheres e homens estão a salvo do tráfico de seres humanos", disse o diretor executivo do UNODC, Yury Fedotov. "Os dados oficiais comunicados ao UNODC pelas autoridades nacionais dos diversos países representam apenas o que foi detectado. É muito claro que a escala de escravidão moderna é muito pior."

O tráfico para trabalhos forçados - incluindo os setores industrial e da construção, trabalho doméstico e produção têxtil - também aumentou continuamente nos últimos cinco anos. Cerca de 35% das vítimas de tráfico detectadas para trabalhos forçados são mulheres.

Há, entretanto, variações regionais: vítimas na Europa e na Ásia Central são traficadas, em sua maioria, para exploração sexual, enquanto que na Ásia Oriental e no Pacífico, o trabalho forçado domina o mercado. Nas Américas, os dois tipos são detectados em igual medida.

A maioria dos fluxos é inter-regional e mais de 6 entre 10 vítimas cruzaram, pelo menos, uma fronteira nacional. A grande maioria dos traficantes condenados - 72% - é masculina e são cidadãos do país em que operam.

O relatório destaca ainda que a impunidade continua sendo um problema sério: 40% dos países apontou apenas algumas ou nenhuma condenação e ao longo dos últimos 10 anos não houve um aumento perceptível na resposta da justiça global a este crime, deixando uma parcela significativa da população vulnerável.

"Mesmo que a maioria dos países criminalize o tráfico, muitas pessoas vivem em países com leis que não estão em conformidade com as normas internacionais, que lhes proporcionariam proteção integral, como o Protocolo de Tráfico de Pessoas", disse Fedotov.

"Isso precisa mudar", acrescentou Fedotov. "Cada país precisa adotar a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional e o protocolo, e comprometer-se com a plena implementação das suas disposições."

   

Fotos: Aline Czezacki, UNAIDS Brasil

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