Cerca de 29,5 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtornos provocados pelo uso de drogas. Os opioides são os mais prejudiciais: aponta Relatório Mundial sobre Drogas 2017 do UNODC

Viena/Nova York/Genebra, 22 de junho de 2017 - Em 2015, cerca de 250 milhões de pessoas usavam drogas. Dessas, cerca de 29,5 milhões de pessoas - ou 0,6% da população adulta global - usam drogas de forma problemática e apresentam transtornos relacionados ao consumo de drogas, incluindo a dependência. Os opioides apresentam os maiores riscos de danos à saúde entre as principais drogas e representam 70% de impacto negativo da saúde associado aos transtornos relacionados ao consumo de drogas em todo o mundo, de acordo com o último Relatório Mundial sobre Drogas, lançado hoje pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

Os transtornos relacionados ao consumo de anfetaminas também representam uma parcela considerável na carga global de doenças. Enquanto o mercado de novas substâncias psicoativas (NPS) ainda é relativamente pequeno, os usuários desconhecem o conteúdo e a dosagem de substâncias psicoativas em algumas NPS. Isso potencialmente expõe os usuários a graves riscos adicionais de saúde.

O Relatório conclui que a hepatite C tem causado um prejuízo maior entre os 12 milhões de pessoas que injetam drogas em todo o mundo. Desse número, um em cada oito (1,6 milhão) vivem com HIV e mais da metade (6,1 milhões) vivem com hepatite C, enquanto cerca de 1,3 milhão sofrem de hepatite C e HIV. No geral, três vezes mais pessoas que usam drogas morrem de hepatite C (222 mil) do que de HIV (60 mil). No entanto, o relatório enfatiza que, apesar dos recentes avanços no tratamento da hepatite C, o acesso permanece baixo, já que o tratamento continua muito caro na maioria dos países.

Este ano marca os 20 anos do Relatório Mundial sobre Drogas, que vem em um momento em que a comunidade internacional decidiu avançar em uma ação conjunta. O diretor executivo do UNODC, Yury Fedotov, destacou que o documento final da sessão especial da Assembleia Geral da ONU de 2016 sobre o problema mundial da droga contém mais de 100 recomendações concretas para reduzir a demanda e a oferta, ainda que reconheça que é necessário se fazer mais.

 "Há muito trabalho ainda a ser feito para enfrentar os diversos danos causados pelas drogas à saúde, ao desenvolvimento, à paz e à segurança em todas as partes do mundo", disse o Sr. Fedotov.

  Mudança no modelo de negócios para o tráfico de drogas e o crime organizado

Em 2014, estimou-se que os grupos do crime organizado transnacional em todo o mundo geraram entre um quinto e um terço de suas receitas com a venda de medicamentos. As redes de comunicação móvel oferecem novas oportunidades para os traficantes, enquanto a darknet permite aos usuários comprar drogas anonimamente por meio de moedas criptografadas, como bitcoin. Enquanto o tráfico de drogas na darknet continua pequeno, ocorreu um aumento nas transações de droga, de cerca de 50% anualmente, entre setembro de 2013 e janeiro de 2016, de acordo com um estudo. Os compradores típicos são pessoas que usam drogas para fins recreativos, tais como cannabis, "ecstasy", cocaína, alucinógenos e NPS.

Tendências Globais do Mercado de Medicamentos

O espectro de substâncias disponíveis no mercado de medicamentos aumentou consideravelmente, aponta o relatório. O mercado de opioides, particularmente, tem se diversificado, apesentando uma combinação de substâncias controladas internacionalmente, como a heroína, e medicamentos prescritos que são desviados do mercado legal ou produzidos como medicamentos falsificados. As NPS continuaram a evoluir de tal forma que, até 2015, o número de substâncias reportadas quase dobrou para 483 em comparação com 260 NPS em 2012.

A produção de ópio está em alta e o mercado de cocaína está crescendo. Em 2016, a produção mundial de ópio aumentou em um terço em relação ao ano anterior e isso deveu-se principalmente a maiores rendimentos de papoula do ópio no Afeganistão. O Relatório também aponta para a expansão do mercado de cocaína, de modo que, a partir de 2013-2015, o cultivo de arbusto de coca aumentou 30%, principalmente como resultado do aumento do cultivo na Colômbia. Após um período de declínio, há sinais de que o uso de cocaína tem aumentado nos dois maiores mercados, isto é, América do Norte e Europa.

Drogas e terrorismo 

Embora nem todos os grupos terroristas dependam de lucros provenientes das drogas, alguns sim. Sem o processo da produção e do tráfico de drogas, que constitui quase metade da renda anual do Talibã, o alcance e o impacto dos talibãs provavelmente não seriam o que é hoje. Até 85 por cento do cultivo de ópio no Afeganistão ocorre em território sob alguma influência dos Talibãs.

O Relatório Mundial sobre Drogas de 2017 oferece uma visão global sobre a oferta e a demanda de opiáceos, cocaína, cannabis, estimulantes do tipo anfetamina e novas substâncias psicoativas (NPS), bem como sobre seu impacto na saúde. Ele também analisa as evidências científicas da hepatite C que causa maiores danos à saúde das pessoas que usam drogas; eapresenta diversificação adicional do crescente mercado das drogas , bem como a mudança de modelos de negócios para o tráfico de drogas e o crime organizado.

Para o relatório completo e conteúdo de mídia, acesse: www.unodc.org/wdr2017

Para agendamento de entrevistas: comunicacao@unodc.org

Para mais informações:

Mensagem do Diretor Executivo do UNODC, Yury Fedotov, no lançamento do Relatório Mundial sobre Drogas 2017

Mensagem do Diretor Executivo Adjunto do UNODC no lançamento do Relatório em Genebra

Mensagem do Secretário Geral sobre o Dia Mundial de Drogas 2017

Mensagem do Diretor Executivo do UNODC sobre o Dia Mundial de Drogas 2017