México lança campanha nacional contra o tráfico de seres humanos

Antonio Costa, diretor do UNODC, e o presidente do México, Felipe Calderón14 de abril de 2010 - O México adotou uma postura de liderança em relação o tráfico de pessoas na agenda global, lançando uma versão nacional da campanha "Coração Azul" das Nações Unidas contra o tráfico de seres humanos.
O presidente do México, Felipe Calderón, e o Diretor Executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Antonio Maria Costa, lançaram a campanha na Cidade do México.

"É uma honra para os mexicanos ser o primeiro país do continente americano e no mundo de participar e lançar aqui esta importante campanha de prevenção e de sensibilização sobre o crime de tráfico de seres humanos. Devemos agir imediatamente na conscientização de toda a sociedade. Devemos agir imediatamente pelo objetivo de colocar um fim em práticas desumanas que transformam as pessoas em mercadorias, porque seres humanos não estão nem podem estar à venda", disse o presidente mexicano.

[Fotos do lançamento da Campanha Coração Azul no México]

Os traficantes procuram vítimas vulneráveis e, por meio da coerção, as conduzem para situações de exploração. Um exemplo é o Maria (nome fictício), uma menina de 8 anos, que foi afastada de sua casa na Guatemala por uma quadrilha de tráfico de crianças e levada a um bordel em Cancún há dois anos. Maria está agora em um abrigo para vítimas de tráfico humano na Cidade do México.

A campanha Coração Azul do México foi desenvolvida em colaboração com o UNODC e está aberta a todos os setores da sociedade mexicana, com o intuito de mobilizar a consciência social contra um crime contra a dignidade humana. Como parte do lançamento da campanha, diversos edifícios importantes foram iluminados de azul em toda a Cidade do México, em um ato simbólico para mostrar às pessoas a campanha Coração Azul.

A campanha Coração Azul visa a sensibilizar as pessoas sobre tráfico de seres humanos como uma forma moderna de escravidão, que explora milhões de pessoas em todo o mundo, buscando impedir que mais pessoas se tornem vítimas. "Eu admiro a liderança do México na luta contra essa forma moderna de escravidão, como foi demonstrado pelo forte compromisso do país com a campanha Coração Azul", disse Costa.

Em junho, a Espanha será o próximo país a aderir a esta campanha de sensibilização crescente a nível mundial, sob a sua Presidência da União Europeia.

O tráfico humano é um fenômeno global e uma das formas mais lucrativas de crime, após o tráfico de drogas e o tráfico de armas. De acordo com estimativas das Nações Unidas, mais de 2,4 milhões de pessoas estão sendo submetidas à exploração sexual ou ao trabalho como vítimas de tráfico humano. As vítimas também são traficadas para fins de servidão doméstica, para a remoção de órgãos e para exploração de crianças como mendigos ou como crianças-soldados. Cerca de 80% das vítimas de tráfico humano são mulheres e meninas. Mais de 130 países têm relatado casos de tráfico de seres humanos.

"É preciso que se faça ainda muito mais para evitar que pessoas caiam nas garras desses predadores humanos, para trazer esses abutres à justiça e para proteger os sobreviventes", disse Costa. "E isso não é apenas responsabilidade dos governos. O tráfico de seres humanos é um crime que envergonha a todos nós. Como quase tudo que consumimos tem sido manchado pelo sangue, suor e lágrimas das vítimas do tráfico, temos uma responsabilidade compartilhada para agir. É por isso que estamos convidando a todas as pessoas a aderir à campanha Coração Azul", complementou o diretor do UNODC.

"Eu aplaudo a liderança do Governo do México nesta campanha e a maneira como o povo mexicano, a mídia e a sociedade civil abriram seus corações. A determinação do México para acabar com o tráfico humano é um exemplo a ser seguido por outros países em todo o mundo", disse Costa.

A campanha Coração Azul do México desenvolveu um " pacto com o coração" (em espanhol), uma lista de dez promessas que irão funcionar como princípios orientadores para todos aqueles que aderirem à campanha.

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