Conselho de Segurança da ONU debate o "impacto devastador" do tráfico de drogas

Nova Iorque e Viena, 9 de dezembro de 2009 - O Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu aos Estados que fortaleçam a cooperação internacional "com base em uma responsabilidade comum e compartilhada de combater o problema mundial de drogas e atividades relacionadas."

No dia 8 de dezembro, o Conselho de Segurança definiu o tema do tráfico de drogas como uma ameaça à paz e à segurança internacional. De acordo com o ministro das relações exteriores de Burkina Faso, Bedouma Alain Yoda, cujo país detém a presidência do Conselho em dezembro, o tráfico de drogas tem um "impacto devastador", sobretudo na África

O Conselho de Segurança acatou por unanimidade um pedido da presidência por mais ações para combater o tráfico de drogas como ameaça à paz e à segurança internacional. Realçou, em particular, a necessidade de cooperação regional para combater essa ameaça transnacional. Por meio da nota, "o Conselho de Segurança sugeriu que o Secretário-Geral considere manter a questão do tráfico de drogas em estratégias de prevenção de conflitos, análise de conflitos, avaliação de missões integradas e planejamento de reconstrução pós-conflito."

Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU, advertiu que "o tráfico de drogas está se tornando uma ameaça cada vez mais grave, que afeta todas as regiões do mundo", ainda mais em regiões nas quais as Nações Unidas estão envolvidas em missões de reconstrução pós-conflito (como o Afeganistão, Guiné-Bissau, Haiti, Libéria e Serra Leoa).

"O tráfico de drogas não respeita fronteiras," disse o Secretário-Geral. Ele enfatizou que "a natureza transnacional da ameaça significa que nenhum país pode enfrentá-la sozinho." Contudo, "até o momento, a cooperação entre governos está muito aquém da cooperação entre redes do crime organizado."

O Secretário-Geral também pediu uma abordagem mais balanceada para o controle de drogas, caracterizada pela "redução na demanda por drogas e nos males por elas causados; promovendo o desenvolvimento alternativo e o respeito à lei na fonte da oferta; e a interrupção de rotas do tráfico."

Em seu discurso, o Diretor-Executivo do UNODC, Antonio Maria Acosta, focou na crescente ameaça do tráfico de drogas à África. "Hoje, ao ser atacado por diversos lados, o continente sofre com um problema severo e complexo de drogas: não só o tráfico, mas também a produção e consumo. Isso traz consequências sérias em termos de saúde, desenvolvimento e segurança," afirmou o Costa.

Ele descreveu o modo como a cocaína advinda do ocidente e a heroína do oriente criam instabilidade e propagam o vício. "Nós temos reunido provas de que dois tipos de drogas ilícitas - a heroína proveniente da África Oriental e a cocaína da África Ocidental - têm se encontrado no Saara, criando novas rotas de tráfico através do Chade, Níger e Mali", disse. O Diretor-Executivo do UNODC advertiu que, assim como nos países andinos e na Ásia Ocidental, "terroristas e forças rebeldes no Sahel extraem recursos do comércio de drogas para financiar suas operações, adquirir equipamentos e pagar soldados." Ele também disse que o tráfico de drogas na região está adquirindo uma nova dimensão - tornando-se maior, mais veloz e tecnológico.

Costa instou Estados Membros a criar uma rede de monitoramento do crime trans-saariano, visando melhorar a coleta de informações, monitorar atividades suspeitas, intercambiar provas, facilitar a cooperação legal e fortalecer esforços regionais contra o crime organizado.

Durante o debate, houve apoio ao trabalho do UNODC e pedidos para que o trabalho do Escritório receba financiamento apropriado.

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