UNODC ajuda professores de artes marciais a prevenir a violência entre jovens pelo esporte

 

Brasília, 22 de maio de 2018 -  O programa do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) "Vamos Nessa" oferece a profissionais de educação física e professores de artes marciais envolvidos com projetos sociais um treinamento focado na prevenção da criminalidade e da violência por meio do esporte.

O objetivo é construir habilidades para a vida por meio de jogos e dinâmicas esportivas a partir das quais os participantes, nos seus próprios termos, debatem fatores que levam ao envolvimento em crimes, violências e drogas.

O Rio de Janeiro, juntamente com o Distrito Federal, foi o primeiro a receber a iniciativa no Brasil, que depois foi estendida a países como África do Sul, Quirguistão, Uganda, Palestina, Peru e República Dominicana.

No Rio, o "Vamos Nessa" capacitou cinco professores de jiu-jitsu da Geração UPP, projeto que leva técnicas e doutrina das artes marciais a jovens de comunidades por meio de policiais militares, em uma parceria entre a organização Legião da Boa Vontade, a emissora Super Rádio Brasil, as empresas Prime Esportes, Boomboxe e Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Em três dias de treinamento, os cinco professores, que são também policiais militares, aprenderam técnicas e didáticas destinadas ao desenvolvimento de habilidades para a vida para alunos que estão sujeitos a uma série de fatores de risco em suas comunidades.

Um desses policiais é o cabo Bruno Lopes, professor do projeto no Morro do Adeus e na comunidade da Baiana, ambas no Complexo do Alemão. Faixa-preta de jiu-jitsu, "Panda", como é conhecido no mundo da luta, foi um dos líderes da delegação da Geração UPP no Campeonato da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ) em Barueri, em São Paulo.

A equipe da Geração UPP faturou 73 medalhas individuais e dois troféus por equipe no maior campeonato de Jiu-Jitsu do país, um dos mais disputados de todo o mundo. Segundo ele, muito do que aprendeu no curso "Vamos Nessa" vem sendo colocado em prática nas aulas.

"Eu aprendi muita coisa no 'Vamos Nessa', aprimorei métodos, formas de lidar com crianças, coisas para passar para as crianças, como controle emocional, valorização da força, entender que às vezes é necessário pedir ajuda, oferecer ajuda sempre que puder", disse. 

"Enfim, detalhes que no dia a dia e na formação de uma pessoa fazem uma diferença enorme. São métodos simples, muitos em forma de jogos, de gincana, sem que fique muito teórico, o que acaba atraindo os alunos. Eles aprendem se divertindo."

Em relação ao objetivo do curso e também da Geração UPP, que é gerar resiliência ao envolvimento com crimes, violências e drogas, o cabo Lopes também leva muito do que aprendeu para o dia a dia em suas aulas. 

"Temos que afastar os jovens das drogas, da violência, e a gente consegue isso conversando, escutando, abrindo o jogo. Temos que ensiná-los como rejeitar certas coisas, como escolher as companhias. Essas coisas que às vezes os jovens nem têm em casa. É fundamental que sejamos amigos, conselheiros desses jovens", explicou.

O policial faixa-preta confessa que ainda não conseguiu colocar todos os ensinamentos em prática. Mas revela que aos poucos as situações abordadas durante o treinamento aparecem na prática. Como exemplo, ele cita um aluno que não conseguiu atingir o resultado esperado no campeonato.

"Teve um atleta que se destacava nos treinamentos e eu tinha certeza de que iria ter um resultado positivo, mas por conta de um erro ele não foi campeão. Naquela semana, ele foi treinar e eu já trabalhei em cima desse erro da forma que foi debatido no 'Vamos Nessa' - de uma forma que ele entendesse onde errou e o que fazer para não repetir, sem pressioná-lo", declarou

"São coisas que eu já tinha uma noção, mas o curso com certeza me ajudou muito", disse. "O esporte é uma ferramenta poderosíssima de prevenção. (…) Ao mesmo tempo, é necessário ter elementos didáticos para que ele possa se converter numa ferramenta".

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