UNODC coordena roda de debates no 12 o Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Brasília, 21 de agosto de 2018 - O UNODC coordenou, nesta terça-feira (21), em Brasília (DF),  a roda de conversa "Juventude e Segurança Pública: como eleger a segurança pública que a juventude quer?", que ocorreu durante o 12º Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A atividade, que foi realizada em parceria com o Instituto Caixa Seguradora, reuniu jovens de diferentes estados brasileiros para debaterem os desafios em promover estratégias de segurança pública amigáveis à juventude e capazes de prevenir a violência e a criminalidade entre o segmento etário.

Maria Paula Fidalgo, atriz e embaixadora da paz, título concedido pelo Governo de Brasília, mediou a atividade. A atriz pontuou a necessidade em observar questões raciais e socioeconômicas ao falar sobre homicídio da população jovem, e também destacou o papel da cultura e da educação como ferramentas de promoção de uma cultura de paz.

Nailah Veleci, 26 anos e participante do Programa Embaixadores da Juventude, foi uma das facilitadoras. Ao ser questionada sobre sua percepção de segurança pública, a cientista política destacou que a seletividade policial direcionada à juventude, sobretudo aos jovens negros, é um reflexo estrutural de práticas policiais vigentes. "Embora haja um movimento crescente de jovens de origem periférica optando por carreiras policiais, práticas sociais elitizadas ainda impedem a desconstrução de perfis criminais que colocam a juventude periférica e negra no centro de abordagens". Afirmou.

Maria Eduarda Couto, 26 anos e também participante do Programa Embaixadores da Juventude em 2017, trouxe para debate a importância da inserção de jovens no mercado de trabalho como ferramenta primordial à prevenção da criminalidade. Segundo a jovem residente de Fortaleza, "muitas vezes são somente oferecidas aos jovens oportunidades de subemprego e cursos técnicos, reforçando as desigualdades". Já Eduardo Carvalho, 20 anos de idade e jornalista, destacou dados divulgados pelo Observatório da Intervenção sobre o envolvimento crescente de jovens entre 13 e 17 anos de idade com o tráfico de drogas. Segundo o jornalista e fundador do Observatório, tal cenário é reflexo da ausência de políticas de saúde e educação adequadas, componente essencial à prevenção.

O público também participou ativamente da roda de conversas. Samuel Sobreira, residente da cidade de Juazeiro do Norte (CE) ressaltou a importância dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a construção de modelos de segurança pública intersetoriais. Nesse sentido, o participante analisou como primordial a integração entre políticas públicas de segurança, educação e saúde, que devem atuar de maneira alinhada e comunicativa.

Jovens de diversos estados brasileiros, policiais, estudantes, tomadores de decisão, acadêmicos e representantes da sociedade civil também estiveram presente no evento. Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a roda de conversa promovida pelo UNODC inova ao criar um espaço de protagonismo jovem. Segundo ela, "abrir esse canal de diálogo e fazer com que jovens falem sobre o que é ser jovem no Brasil, e o que é residir em bairros periféricos é fundamental para a gente enfrentar de forma consistente o problema da violência".

Segundo informação do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, jovens entre 15 e 19 anos de idade, em especial homens e negros, corresponderam a quase 60% das vítimas de homicídios no Brasil em 2017. Como agravante, pesquisa realizada em 2014 pelo Ministério da Justiça, em cinco capitais brasileiras, identificara o mesmo perfil etário como autor de 65% dos homicídios analisados.

Além dessa roda de conversa, o UNODC também liderou outras atividades e workshops sobre violência de gênero em ambientes universitários, uso da força, policiamento comunitário e estatísticas criminais.

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