Homicídio mata mais do que conflitos armados, diz novo estudo do UNODC

Viena, 8 de julho de 2019 - Em torno de 464 mil pessoas foram vítimas de homicídios no mundo em 2017, superando em muito os 89 mil mortos em conflitos armados no mesmo período, segundo o Estudo Global sobre Homicídios 2019, publicado, nesta segunda-feira (8), pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

"O Estudo Global de Homicídios busca lançar luz sobre assassinatos relacionados a gênero, a violência letal de gangues e a outros desafios, para apoiar a prevenção e as intervenções com o intuito de reduzir as taxas de homicídio", disse o diretor-executivo do UNODC, Yury Fedotov. "a não ser que a comunicade internacioanl adote medidas decisivas, metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável , de reduzir significativamente todas as formas violentas e taxas de homicídios relacionadas até 2030, não serão alcançadas. Este relatório traz exemplos importantes de intervenções eficazes na comunidade que ajudaram a melhorar as áreas atingidas pela violência, pelas gangues e pelo crime organizado", acrescentou.

O estudo mostra que o número total de pessoas que sofreram morte violenta por homicídio aumentou no último quarto de século, de 395.542 em 1992 para 464.000 em 2017. No entanto, o risco total de ser morto em homicídios diminuiu de forma constante. A taxa global de homicídios, medida como vítimas de homicídio por 100 mil pessoas, caiu (de 7,2 em 1992 para 6,1 em 2017) quando levado em conta o crescimento populacional.

O Crime organizado é responsável por 19% dos homicídios

O crime organizado isoladamente foi responsável por 19% de todos os homicídios em 2017. Desde o início do século XXI, esse tipo de crime  matou tanto quanto todos os conflitos armados em todo o mundo. Além disso, assim como os conflitos armados, o crime organizado desestabiliza  os países, enfraquece o desenvolvimento socioeconômico e corrói o Estado de Direito.

As taxas de homicídio variam muito nas regiões

A taxa média de homicídios global de 2017 (6,2 para cada 100 mil pessoas) mascara variações regionais dramáticas. A taxa nas Américas (17,2) foi a mais alta registrada na região, desde 1990. A taxa na África (13,0) também estava acima da média global, enquanto as taxas na Ásia, Europa e Oceania estavam abaixo da média global (2,3; 3,0; e 2,8, para cada 100 mil pessoas, respectivamente).

Embora as taxas de homicídio permaneçam altas nas Américas, o quadro varia enormemente dentro da região e dentro de cada país. Na América Central, o país com a maior taxa de homicídios (62,1) obteve uma taxa mais de sete vezes superior à do país com o menor índice. Na América do Sul, o país com a maior taxa de homicídios (56,8) apresentou uma taxa mais de 16 vezes maior que a do país com o menor índice.

Dentre os países das Américas, níveis elevados de homicídio estão agrupados, algumas populações locais enfrentam taxas de homicídio comparáveis às taxas de mortalidade em zonas de conflito e outros, apresentam um risco insignificante.

A maioria das vítimas de homicídio são homens, mas as mulheres são mais frequentemente assassinadas por seus parceiros ou membros da família

Globalmente, cerca de 81% das vítimas de homicídio, registradas em 2017, eram do sexo masculino e mais de 90% dos suspeitos em casos de homicídio eram homens, de acordo com as estimativas mais recentes. No entanto, o estudo mostra que a disparidade de gênero entre vítimas muda com a idade.

Meninas e meninos com nove anos ou menos morrem a taxas quase iguais, comparado com todos os outros grupos etários, nos quais os homens representam mais de 50% das vítimas, segundo dados de 41 países.

Em todas as regiões, a probabilidade de os meninos se tornarem vítimas de homicídio aumenta com a idade, embora esse processo ocorra em estágios diferentes. Homens e adolescentes do sexo masculino, com idade entre 15 e 29 anos, correm maior risco de homicídio globalmente.

Embora mulheres e meninas respondam por uma parcela muito menor de vítimas de homicídio em geral do que os homens, elas continuam a registrar, de longe, o maior percentual como vítimas de homicídio por seus parceiros ou membros da família. 

Intervenções direcionadas e eficientes para combater o homicídio exigem uma compreensão abrangente de sua escala e de seus motivadores. O relatório identifica diversos impulsionadores do problema, além do crime organizado. Entre eles, estão a disponibilidade de armas de foto, drogas e álcool, a desigualdade, o desemprego, a instabilidade política, e os estereótipos de gênero.

O estudo também aponta para a importância de um modelo de governança centrado no Estado de Direito, no controle da corrupção e  investimento no desenvolvimento socioeconômico, incluindo a educação, como ferramenta fundamental na redução da taxa de crimes violentos. 


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O Estudo Global sobre Homicídios está disponível no link https://www.unodc.org/unodc/en/data-andanalysis/global-study-on-homicide.html The Global Study on Homicide is available online: https://www.unodc.org/unodc/en/data-andanalysis/global-study-on-homicide.html

Consiste em cinco livretos temáticos, cada um oferece uma visão das facetas e dimensões específicas desse fenômeno complexo: tendências e padrões de homicídios; condutores, mecanismos e tipologias de homicídio; homicídio e desenvolvimento sustentável; assassinato de mulheres e meninas relacionado a gênero; e o assassinato de crianças e jovens adultos. Um sexto folheto adicional consiste no resumo executivo e nas implicações políticas.

Contato para imprensa

unodc-brazil.comunicacao@un.org

Esta matéria é relacionada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes) e 17 (Parcerias e Meios de Implementação).

Saiba mais:  http://www.agenda2030.com.br/

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