UNODC apoia INTERPOL no combate ao contrabando de migrantes e tráfico de pessoas

Viena, 14 de dezembro de 2020 - Uma operação liderada pela INTERPOL contra o contrabando de migrantes levou a mais de 200 prisões entre redes criminosas que estavam envolvidas no contrabando de cerca de 3.500 migrantes nas Américas, na África, na Europa e na Ásia.

Cerca de 100 potenciais vítimas de tráfico de pessoas também foram resgatadas durante a operação, conhecida como "Turquesa II", que reuniu autoridades em 32 países,  nos quatro continentes, tendo o Brasil no centro da coordenação.

Especialistas em prevenção ao crime do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) têm apoiado a Organização Internacional de Polícia Criminal, (INTERPOL) desde o início dos preparativos da operação, em fevereiro deste ano, e continuarão a desempenhar um papel crucial na fase pós-operação.

Segundo a diretora executiva do UNODC, Ghada Waly, "a cooperação entre múltiplas agências é essencial para deter os contrabandistas de migrantes e traficantes de pessoas e para resgatar vítimas".

"Sinto-me horada pela contribuição do UNODC para a operação Turquesa II, o que alavancou nossa experiência em justiça criminal e em redes e capacidades de coordenação transfronteiriça", acrescentou.

O UNODC, por meio de sua ampla rede presente em América Latina, Caribe e Ásia, facilitou a coordenação entre as agências de aplicação da lei e promotores especializados, na fase de preparação da operação, a fim de possibilitar as ações conjuntas.

No período de 27 de novembro a 3 de dezembro, foram realizados controles coordenados e ampliados nos pontos de trânsito e entrada nos países participantes, incluindo aeroportos, terminais de ônibus e postos de fronteira.

Os locais e horários dos controles foram determinados com meses de antecedência com base em inteligência sobre contrabando potencial de migrantes e atividade de tráfico humano.

Muitas das pistas foram geradas como resultado da Operação Turquesa do ano passado, na qual autoridades de 20 países de três continentes realizaram controle nas fronteiras aéreas, terrestres e marítimas para interromper os grupos do crime organizado que estavam por trás das principais rotas de contrabando.

Para o secretário-geral da INTERPOL, Jürgen Stock, "conectar as polícias de outros países é crucial para deter o rastro de miséria por trás do contrabando de migrantes".

"A operação Turquesa II mostra como os grupos do crime organizado continuam a se aproveitar das pessoas vulneráveis, que buscam uma vida melhor, sobretudo durante a pandemia da COVID-19, e eles exigem grandes somas de dinheiro com pouca ou nenhuma preocupação com o bem-estar delas", acrescentou.

O UNODC desempenhará um papel crucial na próxima fase da operação. "Usaremos nossa experiência para assegurar que os casos de contrabando de migrantes e tráfico de pessoas identificados durante essa operação levem a processos e condenações bem sucedidos", diz Carlos Perez, oficial de Prevenção ao Crime e Justiça Criminal.

Após a operação do ano passado, o UNODC incentivou a INTERPOL a acrescentar um componente contra o tráfico de pessoas à Turquesa II.

Dessa vez, os oficiais não estavam apenas controlando os casos de contrabando de migrantes, mas também os casos de tráfico com um foco especial naqueles dentro dos fluxos migratórios.

"A operação Turquesa II mostrou que os migrantes correm um risco maior de serem explorados pelos traficantes de pessoas nos países em que transitam", explicou Carlos Perez.

"Eles podem não ter suas necessidades básicas atendidas, por isso estão prontos para aceitar qualquer proposta de trabalho, o que muitas vezes resulta em exploração nas mãos dos traficantes", acrescentou.

"Essa foi a primeira vez que o Brasil coordenou uma iniciativa de tal magnitude sob o comando da INTERPOL", disse Joziel Brito, Chefe da Unidade de Combate ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes da Polícia Federal Brasileira.

"O principal desafio de uma operação transnacional desse tipo é integrar os diferentes sistemas jurídicos de diversos países e encontrar uma maneira muito rápida de salvaguardar os interesses mais imediatos, como o resgate e a proteção das vítimas do tráfico de pessoas", acrescentou.

Os migrantes que foram identificados nessa operação originava de cerca de 50 países e estavam tentando chegar aos EUA e ao Canadá, principalmente por meio de rotas de contrabando na América Latina e no Caribe.

"Esperamos apoiar as investigações pós-operação, como parte de nossa parceria estratégica com a INTERPOL para um mundo mais seguro e mais justo", concluiu a diretora executiva do UNODC, Ghada Waly.

Track4Tip

A iniciativa TRACK4TIP do UNODC apoia respostas da justiça criminal regional ao tráfico de pessoas entre os fluxos migratórios dentro de oito países da América do Sul e do Caribe.

O Brasil foi selecionado como o país anfitrião da Unidade de Coordenação Operacional da Turquesa II, que foi estabelecida em Brasília e coordenou atividades nas Américas, na Ásia e na Europa e África. 

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Para saber mais:  http://www.agenda2030.com.br/

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