Bissau/Viena. 27 de Outubro de 2011. Encarando o facto da África Ocidental ser um dos principais pontos de entrada da cocaína oriunda da América do Sul com destino à Europa, chegou hoje à Guiné-Bissau o Sr. Yury Fedotov, Diretor Executivo do UNODC, acompanhado pelo Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a África Ocidental. Durante a sua visita o Sr. Fedotov discutiu diversas questões relacionadas com o tráfico de droga com o Presidente Malam Bacai Sanhá e o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior.
O tráfico é uma ameaça ao desenvolvimento da Guiné-Bissau e levou a um aumento acentuado do uso de drogas ilícitas no país. Em 2009, cerca de 13 toneladas de cocaína traficada através da África Ocidental foram consumidas ou armazenadas na região, originando graves problemas de saúde relacionados com a droga. O lucro bruto obtido com as vendas por grosso e a retalho da cocaína nesta região é devastador. Estima-se que foram gastos 800 milhões de dólares americanos com o consumo de drogas em 2009 só na África Ocidental. Tragicamente, no mesmo ano, o Produto Interno Bruto (PIB) da Guiné-Bissau foi de 400 milhões de dólares americanos.
Numa tentativa de combater as drogas ilícitas e o crime organizado o UNODC tem trabalhado com a Guiné-Bissau e as autoridades regionais em várias áreas cruciais.
Desde 2008 que a Instituição tem ajudado a criar e fortalecer uma unidade especializada de combate ao narcotráfico na Polícia Judiciária da Guiné-Bissau, numa tentativa de aumentar as investigações sobre o tráfico de drogas e o crime organizado. No início deste ano esta unidade foi expandida para serem estabelecidas delegações da polícia Judiciária em dois locais cruciais e remotos do país: a ilha de Bubaque no arquipélago dos Bijagós e Catió, no Sul da Guiné-Bissau. Paralelamente, o UNODC tem trabalhado para fortalecer o sistema de justiça e das instituições do Estado na Guiné-Bissau, sobretudo através de formação de Juízes e Procuradores especializados em casos relacionados com o tráfico de drogas e o crime organizado, assim como no apoio à implementação de uma Autoridade Central para a Cooperação Judicial Internacional e Auxílio Judicial Mútuo em Matéria Penal.
A reforma do sistema prisional tem sido também uma parte central do trabalho do UNODC no país. Reabilitação do infrator e formação de guardas prisionais são essenciais para garantir um sistema de justiça justo e baseado em direitos e em Julho de 2011, com a ajuda do UNODC, o país abriu dois centros prisionais situados em Mansoa e Bafatá os quais foram reabilitados de acordo com os padrões internacionais.
Em Dezembro de 2010 o UNODC lançou o seu Programa Regional para a África Ocidental para o período de 2010-2014. Esta abordagem regional inclusiva foi desenhada para apoiar os esforços dos Estados da África Ocidental, organizações regionais e da sociedade civil para resposta às crescentes ameaças à segurança e para promover o Estado de Direito e a boa governação.
Reconhecendo a importância da cooperação multilateral, o Sr. Fedovov encoraja o reforço das parcerias ao nível regional e global. "A questão das drogas ilícitas não é problema de um único país, mas antes uma situação conjunta com a qual toda a comunidade internacional tem de lidar."
Durante a permanência no país o Sr. Fedotov também visitou a Unidade da guiné-Bissau de combate ao Crime Transnacional (UCT), que faz parte da Iniciativa da Costa Ocidental Africana (WACI). Esta parceria entre o UNODC, o Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental (UNOWA), o Departamento de Assuntos Políticos (DPA), do Departamento de Operações de Manutenção da Paz (DPKO) e a INTERPOL apoia os esforços regionais em enfrentar o uso das drogas, o tráfico e o crime organizado.
Fundada em Dezembro de 2010, a UCT da Guiné-Bissau está em processo de se tornar completamente operacional e juntar-se-à às Unidades da Libéria e Serra Leoa as quais estão em diferentes fases de implementação. O Sr. Fedotov incentivou as autoridades a prosseguirem os seus esforços e apelou à comunidade internacional para reconhecer o potencial das UCTs para destruir grupos de crime organizado e as suas operações. Sobre a importância destas Unidades, o Diretor Executivo observou: "O crime organizado é apenas isso - organizado. Só podemos responder a isso garantindo que os nossos próprios esforços também são estruturados, bem planeados e coesos."
Em Bissau, Guiné-Bissau:
Manuel de Almeida Pereira, Conselheiro Jurídico e Coordenador de Projetos
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Em Viena, Áustria :
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