Tráfico de Pessoas durante a Covid-19

A pandemia da Covid-19 está colocando o mundo sob enorme pressão, afetando a vida de todos. As medidas inéditas adotadas para achatar a curva de infecção incluem quarentena forçada, toque de recolher e lockdowns, restrições de viagem e limitações às atividades econômicas e da vida pública. À primeira vista, essas medidas de fiscalização e o aumento da presença policial nas fronteiras e nas ruas parece dissuadir o crime. Em tráfico de pessoas, os criminosos estão ajustando seus modelos de negócio para o 'novo normal' criado pela pandemia, especialmente pelo abuso das modernas tecnologias de comunicação. Ao mesmo tempo, a Covid-19 impacta a capacidade das autoridades estatais e organizações não-governamentais de prestar serviços essenciais às vítimas desse crime.

Mais importante ainda, a pandemia tem se exacerbado e trazido à tona desigualdades que estão na raiz do tráfico de pessoas.

As Vítimas

A identificação das vítimas de tráfico é difícil, mesmo em condições e em circunstâncias normais. As principais razões incluem o fato de que as vítimas são frequentemente exploradas em setores ilegais, informais ou não regulamentados (por exemplo, pequenos delitos, indústria do sexo, ambientes domésticos, cultivo de drogas e tráfico, agricultura e construção); a capacidade de organização do crime para esconder suas operações à vista de todos; a falta de vontade por parte das próprias vítimas de denunciar sua vitimização ou a sua incapacidade para fazê-lo; e capacidades limitadas de aplicação da lei para detectar esse crime.