Técnicas de identificação de madeira apoiadas pelo UNODC Brasil apresentam resultados promissores em teste de campo

Apoiador da missão de campo, “Cidinho” Dejesus utiliza equipamentos especializados para escalar árvores e coletar amostras botânicas.

O apoiador da missão de campo, “Cidinho” Dejesus utiliza equipamentos especializados para escalar árvores e coletar amostras botânicas.

 

Itapuã do Oeste, 22 de março – A identificação da madeira comercializada em toras ou na forma de madeira serrada é sempre um desafio para as autoridades que fiscalizam serrarias, rodovias, portos e o comércio. Embora haja meios que permitam a identificação macroscópica em campo, essas técnicas requerem a presença de profissionais altamente especializados nas atividades de fiscalização, o que nem sempre é possível e dificulta o trabalho em operações, abrindo margem para fraudes e para o comércio ilegal de espécies ameaçadas e/ou protegidas pela legislação ambiental.

Com o objetivo de contribuir com o trabalho de agentes de fiscalização ambiental, o UNODC, com o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (USAID), por meio do projeto ECOS – Cooperação Regional para Enfrentar Crimes Ambientais, está apoiando o desenvolvimento de duas ferramentas portáteis de identificação de madeira, umas delas por imagens e a outra, por espectros no infravermelho próximo (NIRS). As iniciativas se dão no âmbito da parceria do UNODC com o Laboratório de Produtos Florestais, do Serviço Florestal Brasileiro (LPF/SFB), com o apoio do Centro de Inovação Tecnológica de Itapeva (Citi), vinculado à Universidade Estadual Paulista (Unesp), e de 6 xilotecas espalhadas pelo Brasil.

Entre os dias 18 e 22 de março, representantes das instituições envolvidas na iniciativa obtiveram resultados promissores no primeiro teste de campo das ferramentas, realizado na concessão florestal da Madeflona, na Floresta Nacional do Jamari, em Itapuã do Oeste-RO.

A missão de campo também permitiu a coleta botânica e de amostras de madeira de espécies contempladas nesta primeira etapa de desenvolvimento das ferramentas, que serão enviadas para a xiloteca do LPF e para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). Em breve, essas amostras serão utilizadas como referência para os próximos testes, permitindo o aprimoramento das técnicas apoiadas, já que será possível confirmar a espécie analisada não apenas a partir da anatomia, mas também pela identificação botânica e molecular.

A iniciativa é fruto de um trabalho de articulação iniciado em maio de 2023, quando o UNODC reuniu instituições governamentais e centros de pesquisa com atuação na área da madeira. A demanda apresentada pelos participantes levou à contratação de uma consultoria para a construção de uma base de dados referente a 15 espécies madeireiras intensamente exploradas pelo comércio ou incluídas na lista nacional de espécies ameaçadas ou nos anexos da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens em Perigo de Extinção (Cites). O banco de dados resultante foi, então, utilizado por pesquisadores da Unesp e do LPF/SFB para a construção dos algoritmos de identificação das duas técnicas.

O teste de campo buscou validar a precisão das ferramentas em desenvolvimento em condições próximas às de uma operação de fiscalização real. Ao longo de cinco dias, com o apoio da Madeflona, representantes do UNODC, LPF, SFB, CITI/Unesp e Ibama conduziram testes práticos com peças de madeira serrada de 10 das 15 espécies incluídas no projeto e que estavam disponíveis.

Próximos passos

Com base nos resultados, o UNODC contratará uma nova consultoria para aprimorar e ampliar o banco de dados, por meio da inclusão de novas espécies de madeira nativa impactadas pelo desmatamento e exploração ilegais, como a castanheira, a peroba-rosa, a maçaranduba-do-pará e o angelim-da-mata. No total, a base reunirá informações de mais de 35 gêneros florestais.

A ideia é que, no futuro, agentes de fiscalização e aplicação da lei possam ser treinados para coletar imagens e espectros em campo, usando microscópios portáteis acoplados ao celular e espectrômetros digitais, o que representa um custo reduzido se comparado ao de outras técnicas de laboratório ou que demandem treinamento técnico. O uso em campo pelas polícias e órgãos de meio ambiente facilitará a tomada de decisão em casos de suspeita de irregularidade em cargas ou de fraude documental.

Para saber mais sobre o trabalho do UNODC na temática de crimes que afetam o meio ambiente, acesse aqui, e para as publicações do UNODC na temática, acesse aqui.

  

     

 

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