Este módulo é um recurso para professores 

 

Exercícios

 

Esta seção contém sugestões para exercícios educacionais, a serem aplicados pré-aulas ou durante as aulas; as tarefas pós-aula para avaliação do estudante do Módulo são sugeridas em uma seção à parte.

Os exercícios desta seção são mais apropriados para salas com o máximo sw 25 estudantes (idealmente 10-15 estudantes), em que os estudantes possam se organizar facilmente em pequenos grupos, nos quais discutirão casos ou realizarão atividades, antes que os representantes dos grupos deem o feedback para o restante da sala. Embora seja possível ter a mesma estrutura de pequenos grupos em salas maiores, com algumas centenas de estudantes, é mais desafiador e o palestrante pode querer adaptar as técnicas de facilitação para garantir tempo suficiente para as discussões em grupo, bem como para oferecer feedback para toda a sala. A maneira mais fácil de lidar com a necessidade de um pequeno grupo de discussão em uma sala grande, é pedir que os estudantes discutam os assuntos com os quatro ou cinco colegas próximos a eles. Dadas as limitações de tempo, nem todos os grupos conseguirão dar o feedback em cada exercício. Recomenda-se ao palestrante que faça seleções aleatórias e tente garantir que todos os grupos tenham a oportunidade de oferecer o seu feedback, ao menos uma vez durante a seção. Se o tempo permitir, o palestrante pode facilitar a discussão em uma plenária, depois de cada grupo ter apresentado seu feedback.

Todos os exercícios desta seção são adequados para estudantes de graduação e pós-graduação. Contudo, como o conhecimento prévio e a exposição dos estudantes a estes assuntos varia amplamente, as decisões sobre a adequação dos exercícios devem ser baseadas em seu contexto social e educacional. Encorajamos o palestrante a relacionar e conectar cada exercício às questões chave do Módulo.

Exercício 1: O privilégio é invisível àqueles que o têm

Mostrar aos estudantes um dos seguintes vídeos clips:

  • Em “Entendendo Meu Privilégio,” uma TED TALK de 2016 TED Talk, a Chanceler Universitária Susan E. Borrego reflete sobre a sua vida como uma menor emancipada e disseca o diálogo carregado de emoção sobre as relações raciais nos Estados Unidos. Esta narradora usa a sua ponderosa narrativa na primeira pessoa “Privilégio Branco” e “Vidas Negras Importam), para destacar a responsabilidade que cada um de nós deve trazer para a mudança.
  • Porque a Igualdade de Gênero é Boa para Todos — Inclusive para os Homens,” uma TED TALK do Dr Michael Kimmel, que ressalta que “ o privilégio é invisível àqueles que o têm”, porque as pessoas que se encaixam nesta posição se consideram neutras.

Discutir com a sala:

  • Como esta TED TALK te faz sentir?
  • Você pode refletir sobre as formas que o sexismo e/ou racismo estão impactando na sua vida como indivíduo?
  • Como você pode relacionar as ideias de Borrego’s e/ou Kimmel à Ética do Cuidado? 

Orientações para o professor

Dependendo do tamanho da sala e da tecnologia disponível, a sala pode ser dividida em dois, para que cada grupo assista a um dos clipes.  

Para ganhar tempo, o palestrante pode pedir aos estudantes que assistam ao vídeo antes da aula.

O exercício pode ser complementado com uma atividade baseada na fala de Peggy McIntosh Privilégio Branco: desarrumando a mochila invisível. A atividade descrita na fala enfoca o privilégio baseado na raça, mas pode ser adaptada para outros tipos de privilégios, incluindo aqueles baseados no gênero. Os palestrantes também podem simplesmente pedir aos estudantes que desarrumem a sua própria “mochila do privilégio” e mostrar a TEDx TALK de 2012 de McIntosh "Como Estudar Sistemas de Privilégio Pode Fortalecer a Compaixão ”. ("How Studying Privilege Systems Can Strengthen Compassion”). 

Exercício 2: dramatização: caminhada esportiva

Para ajudar mais os estudantes a entender a ideia de privilégio e fazê-los reconhecer seus próprios privilégios, os palestrantes podem pedir aos estudantes que façam a “caminhada do privilégio,” mostrada neste vídeo clipe de 4 minutos. Para evitar causar desconforto ou constrangimento aos estudantes, recomenda-se o uso do método de dramatização e a atribuição de falsas identidades aos estudantes (por exemplo, advogado, policial, feminina). As amostras para o exercício estão amplamente disponíveis na internet (veja, por exemplo, aqui e aqui e aqui). O Centro de Treinamento para Mulheres das Nações Unidas (The UN Women Training Centre), em seu Compêndio de Boas Práticas em Treinamento para Igualdade de Gênero (p. 64), chama este exercício de “Patriarcado e a Caminhada Esportiva”a e oferece as seguintes orientações:

  • Cada trainee “ocupa o lugar” de outra pessoa, ex: uma mãe solteira, um homem cego etc.
  • As declarações são lidas em voz alta. Se estiverem relacionadas a eles, eles dão um passo à frente. Caso contrário, não se movimentam.
  • Ao final, os participantes conseguem enxergar quanto poder, acesso a recursos e oportunidades alguns indivíduos na sociedade possuem em comparação a outros.
  • Com base nisso, eles discutem como o poder e privilégio são relativos para o gênero, posição socioeconômica, etnia e outros assuntos transversais para uma pessoa. Segue-se a isso uma discussão do “Paradoxo Patriarcal”, por exemplo, como os homens também têm desvantagens no Sistema patriarcal.

As declarações sugeridas pela UN Women para este exercício incluem:

  • Tenho acesso e posso ler jornais regularmente
  • Como ao menos duas refeições nutritivas ao dia
  • Eu pediria representação legal se fosse presa
  • Eu estaria confiante se tivesse que falar diretamente com um magistrado
  • Não estou em perigo de ser sexualmente assediada ou abusada
  • Eu tenho uma renda fixa ou formas de me sustentar
  • Posso falar em reuniões familiares
  • Não seria tratada violenta ou brutalmente se fosse presa
  • Posso pagar e tenho acesso a atendimento de saúde apropriado
  • Posso questionar os gastos dos fundos comunitários
  • Posso enumerar algumas leis de meu país
  • Alguém seria avisado imediatamente caso eu fosse presa
  • Eu tenho dinheiro sobrando no final da semana para gastar comigo mesma
  • Posso viajar para onde eu quiser sem assistência ou permissão
  • Não me sinto ameaçada em meu local de trabalho, por assuntos relacionados à minha identidade
  • Não me sinto socialmente desconfortável na maioria das vezes em que dou voz às minhas opiniões
  • Posso fazer o que quiser em minha casa, sem medo

As identidades sugeridas pela Mulheres das NU (UN Women) incluem: advogado com firma própria, menino de rua de 10 anos, avó que cuida de órfãos, mãe solteira desempregada, lojista do sexo masculino, policial feminina, idoso cego, professor, mulher membro do parlamento, migrante de minoria étnica, trabalhador de fábrica alfabetizado etc. estas identidades sugeridas foram usadas pela UN Women em seu Curso Geral sobre Gênero, Bangkok, de outubro de 2017.

Orientações para o professor

Se for difícil conduzir esta atividade devido ao tempo ao às limitações de espaço, os palestrantes podem mostrar o vídeo aos estudantes. A versão de Singapura do vídeo está disponível aqui. Observe que este exercício levará a uma discussão que irá para além do gênero. 

Exercício 3: Eu versus o outro

Assistir à TED Talk “Conectar uma Rede para o Bem Global”, na qual o antigo Primeiro Ministro do Reino Unido Gordon Brown discute como a tecnologia pode nos ajudar a enfrentar os grandes problemas da pobreza e mudanças climáticas, segurança e terrorismo e direitos humanos e desenvolvimento.

Pedir aos estudantes que discutam o que uma abordagem pela Ética do Cuidado (EoC) nos traria, em relação ao equilíbio das necessidades dos vulneráveis com as necessidades de nos provermos a nós mesmos e aos nossos dependentes.

Orientações para o professor

Ao conduzir este exercício, o palestrante pode tirar partido do que disse David Suzuki, citado na seção Questões Chave deste Módulo, e discutir o que segue.

Tiffany Jana explora temas similares em sua TED Talk de 2014: “O Poder do Privilégio”. Jana discute o desenvolvimento transatlântico organizacional, marketing e iniciativas ao alcance da comunidade, focadas na raça e na democracia.                                                                                                                      

Exercício 4: O “Teste de Associações Implícitas de Carreira e Gênero”

Neste exercício, os estudantes farão o Teste de Associações Implícitas de Harvard (IAT), que oferece a oportunidade de explorar visões implícitas  em uma série de tópicos.

Pedir aos estudantes que façam o “Teste de Associações Implícitas de carreira e Gênero”, disponível no Harvard IAT website. Idealmente, os estudantes devem realizar o teste individualmente.

Uma vez que tenham terminado seus testes (aprox. dez mins), reveja as estatísticas gerais, mostradas ao final do teste, compiladas com base em participantes de todo o mundo. Este IAT geralmente revela uma ligação entre “família” e “mulheres” e entre “carreira” e “homens”.

Pedir aos estudantes que compartilhem os seus resultados com a sala e comparem tais resultados com os resultados gerais. Eles podem, então, discutir as seguintes questões:

a) Você se surpreendeu com seus resultados? Porquê, ou por que não?

b) O que você aprendeu com os seus resultados?

c) Você se sentiu desafiado a ter as suas visões implícitas questionadas?

d) De que forma isso está relacionado com a Ética do Cuidado (EoC)? 

Orientações para o professor

Informações básicas sobre o Harvard IAT podem ser encontradas aqui. O IAT é parte de um Projeto Implícito mais amplo, descrito aqui. O teste pedirá ao estudante (opcionalmente) que relate suas atitudes e crenças sobre o tópico do teste e para que dê informações gerais sobre si mesmo. O site declara que: “As informações compartilhadas neste site são protegidas pela criptografia SSL e nenhuma informação pessoal é coletada. Os endereços de IP são regularmente registrados, mas são absolutamente confidenciais.” Se os estudantes indicarem que estão despreparados para encontrar interpretações que possam achar questionáveis, eles podem interromper o teste. Os palestrantes podem optar por discutir as implicações em particular, quando os estudantes indicarem que não desejam que suas opiniões sejam questionadas em um ambiente universitário. 

Como alternativa, os palestrantes podem pedir aos estudantes que resolvam a seguinte charada: Um pai e seu filho estão em um acidente de carro. O pai more no local do acidente e seu filho é levado ao hospital. No hospital, o cirurgião olha para o menino e diz "Não posso operar este menino, ele é meu filho" Como pode ser? A charada é discutida aqui e aqui

Exercício 5: Equidade de gênero em anúncios de recrutamento (“Decodificador de Gênero”)

Pedir aos estudantes que encontrem um anúncio de trabalho, para uma vaga que estariam interessados em se candidatar. Pedir que usem a ferramenta “Decodificador de Gênero para Anúncios de Trabalho” (disponível aqui), para revisar o texto do anúncio escolhido. Pedir a eles que respondam às seguintes questões:

  1. Considere como esta ferramenta e a Ética do Cuidado podem direcioná-la a reescrever o anúncio, de forma a garantir que seja mais neutro em relação ao gênero. Quais palavras você mudaria?
  2. Há alguma palavra no Decodificador (usado na pesquisa original) que você questionaria ou indicaria como ausente? Explique as razões.
  3. Reflita sobre o que você aprendeu sobre as suas próprias visões sobre o uso da linguagem implícita.

Facilitar uma discussão em sala a partir das respostas. Se o tempo for curto, os palestrantes podem pedir aos estudantes que enviem as suas respostas por escrito, anexando os anúncios previamente preparados.

Diretrizes para professor

Uma das principais iniciativas sendo utilizadas pelas organizações é a revisão e correção das suas práticas de recrutamento, para garantir que sejam mais abertas e flexíveis e que a linguagem utilizada em seus anúncios de trabalho reflita as suas práticas. Uma ferramenta desenvolvida para este propósito é o “Decodificador de Gênero para Anúncios de Trabalho”. As descrições de anúncios de trabalho e cargos podem ser copiadas no Decodificador de Gênero e ele oferecerá reflexões sobre a linguagem utilizada, por exemplo, se o texto é masculino, feminino ou neutro.

Como alternativa, o palestrante pode conduzir um exercício no qual os estudantes transformem as frases sexistas e discriminatórias em linguagem inclusive e baseada na ética do gênero. Este recurso da Hamilton School pode ser útil para este propósito. O recurso também ajudará a demonstrar que a linguagem sexista é difusa, demonstrando até que ponto foi considerada normal e é utilizada em contextos diários, de forma que sempre desconsideramos os efeitos traiçoeiros deste tipo de discriminação. 

Exercício 6: Assédio sexual online (#MaisQueMaldoso) (#MoreThanMean)

O impacto do assédio a jornalistas do sexo feminino foi enfatizado por Harlem Désir, representante da OSCE da Liberdade de Imprensa (2018):

O assédio online a jornalistas do sexo feminino tem um impacto no público em geral. Afeta os tipos de vozes que ouvimos, as histórias que lemos e, por fim, a liberdade e qualidade das sociedades em que vivemos. Não há algo como Liberdade de expressão se ela for o privilégio de alguns, com a exclusão de outros. A Liberdade só pode ser inclusive. Para todos.

Mostrar aos estudantes este vídeo sobre o assédio online a mulheres. Pedir que se organizem em pequenos grupos e discutam como o sexismo no local de trabalho e o sexismo, de maneira geral, ocorrem em fóruns online. Eles podem focar nas seguintes questões:

a) Quais mecanismos os donos dos meios de comunicação, legisladores, agências de segurança pública e/ou usuários poderiam/deveriam ter para evitar e/ou regular o abuso online às mulheres?

b) Como você responderia aos cenários do vídeo, sob a perspectiva da Ética do Cuidado (EoC)? 

Orientações para o professor

Se o tempo permitir, depois da discussão em pequenos grupos, o palestrante pode pedir que os estudantes discutam as suas sugestões com a sala toda, e pensar no que mais pode ser feito para apoiar as mulheres quando sofrem assédio em público, seja na forma de “assobio”, agressão sexual ou qualquer outra forma. 

Exercício 7: Dramatização: assédio sexual no local de trabalho

  • Os palestrantes que se sentirem confiantes em facilitar exercícios de dramatização, poderão pedir aos estudantes que escrevam os seus próprios roteiros, sobre culturas organizacionais que lhes sejam familiares, para depois dramatizarem os papéis especificados no roteiro.

    Na preparação, os estudantes devem assistir:

(a)Acadêmica feministaCatherine MacKinnon demonstra aqui como CEOs deveriam falar sobre o assédio sexual.

(b)Tenente-General David Morrison, discurso do Chefe do Exército Australiano utilizando a citação: “o padrão que você passa é o padrão que você aceita”. A transcrição do discurso de Morrison é explicada aqui por Cam Barber.

 

Orientações para o professor

Uma alternativa à dramatização é pedir uma tarefa solicitando aos estudantes que tragam um plano de aula para ensinar sobre o que é o assédio sexual e como a “organização” de sua escolha responderá a uma alegação que tenha sido feita em público. 

Exercício 8: Encerramento da aula - “Minute Paper

Alguns minutos antes do término da aula, peça aos estudantes que escrevam suas respostas a duas perguntas simples:

a) Qual foi a coisa mais importante que você aprendeu hoje?

b) Qual pergunta permanece em sua mente?

Para concluir a aula, pedir que os estudantes apresentem as suas respostas, de maneira breve.

Orientações para o professor

Se limitações de tempo impedirem a discussão, os palestrantes podem pedir aos estudantes que entreguem suas respostas ao término da aula, anonimamente ou com seus nomes no topo da página.

 
Seguinte: Exemplo de estrutura de aula
Regressar ao início