Este módulo é um recurso para professores 

 

Tópico três – Abordagens para a resolução de problemas de criminalidade

 

As diferentes abordagens para a resolução de problemas de crimes (como SARA e 5Is do Ekblom) proporcionam uma estrutura para o planeamento da prevenção da criminalidade, assim como para os esforços na resolução de problemas.

 

Modelo SARA 

O modelo SARA é um método de solução de problemas muito usado, vinculado ao policiamento orientado para os problemas (desenvolvido pelo professor Herman Goldstein). Inclui os quatro elementos seguintes: 

  1. Identificação
  2. Análise
  3. Resposta
  4. Avaliação
 

Abordagem SARA

Identificação:

  • Identificação de problemas recorrentes de preocupação para o público e para a polícia.
  • Identificação das consequências do problema para a comunidade e para a polícia.
  • Priorização dos problemas.
  • Desenvolvimento de objetivos vastos.
  • Confirmação da existência de problemas.
  • Determinação da frequência com que o problema ocorre e há quanto tempo ele ocorre.
  • Seleção de problemas para observação mais detalhada. 

Análise:

  • Identificar e compreender os acontecimentos e condições que precedem e acompanham o problema.
  • Identificação de dados relevantes que devem ser recolhidos.
  • Pesquisar o que já é conhecido sobre o tipo de problema em causa.
  • Fazer um levantamento sobre a forma como o problema é tratado atualmente, quais os pontos fortes e quais as limitações da resposta atual.
  • Limitar a estrutura do problema da maneira mais específica possível.
  • Identificar toda a variedade de recursos que podem ajudar no desenvolvimento de uma compreensão mais profunda do problema.
  • Desenvolver uma hipótese de trabalho sobre a razão pela qual o problema está a ocorrer. 

Resposta:

  • Brainstorming para novas intervenções.
  • Procurar o que outras comunidades com problemas semelhantes fizeram.
  • Escolher entre as intervenções alternativas.
  • Esboçar um plano de resposta e identificar as partes responsáveis.
  • Indicar os objetivos específicos do plano de resposta.
  • Realização das atividades planeadas. 

Avaliação:

  • Determinar se o plano foi implementado (avaliação do processo).
  • Recolha de dados qualitativos e quantitativos pré e pós-resposta.
  • Determinar se as metas globais e os objetivos específicos foram alcançados.
  • Identificar novas estratégias necessárias para incrementar o plano original.
  • Realizar avaliação de forma contínua para garantir a eficácia permanente.
(Fonte: Centro para o policiamento orientado para os problemas, Universidade Estatal do Arizona)
 

Ekbloms 5Is

A metodologia de solução de problemas do professor Paul Ekblom, 5Is, é amplamente usada. Abrange o seguinte:

  1. Inteligência (Intelligence)
  2. Intervenção (Intervention)
  3. Implementação (Implementation)
  4. Envolvimento (Involvement)
  5. Impacto (Impact)
 

Ekblom's 5Is

INTELIGÊNCIA (INTELLIGENCE) – recolha e análise de informações sobre:

  • os problemas relacionados com a prática de crimes e com perturbação da ordem e suas consequências
  • os infratores e modus operandi
  • as causas de crime e (a longo prazo, prevenção do desenvolvimento de tendências criminosas) os “fatores de risco e proteção”, nas circunstâncias da vida de crianças pequenas associadas à criminalidade posterior

INTERVENÇÃO (INTERVENTION) – bloquear, interromper ou enfraquecer as causas. As intervenções abrangem o seguinte:

  • agir através da prevenção civil e da justiça tradicional / aplicação da lei
  • abordar causas situacionais e orientadas para o ofensor
  • e combater a causa em diferentes níveis – causas imediatas de menor gravidade que despoletam eventos criminais, causas de maior gravidade que surgem em comunidades, redes, mercados e carreiras criminais, e causas remotas, situadas a montante, influenciadas pela manipulação de fatores de risco e fatores de proteção, relacionados com os primeiros anos da vida das crianças

IMPLEMENTAÇÃO (IMPLEMENTATION) – converter os princípios de intervenção em métodos práticos, que são:

  • personalizados para o problema e contexto local
  • direcionados a infratores, vítimas, prédios, locais e produtos, de forma individual ou coletiva
  • planear, gerir, organizar e dirigir
  • assegurar a monitorização e a qualidade é garantida, com recurso a documentação sobre os inputs de recursos humanos e financeiros, produtos e resultados intermédios
  • avaliar a dimensão ética

ENVOLVIMENTO (INVOLVEMENT) – mobilizar outras organizações, empresas e indivíduos para participar em certa intervenção ou para atuar em parceria, porque os profissionais de prevenção da criminalidade trabalham frequentemente com ou através de outras pessoas, em vez de intervir diretamente nas causas do crime. Em ambos os casos, especificando:

  • quem estava envolvido
  • quais as funções gerais ou tarefas específicas que foram assumidas
  • como é que foram alertados, motivados, capacitados ou direcionados (por exemplo, por campanhas publicitárias, incentivos financeiros)
  • como é que se criou na comunidade um clima amplamente favorável e como é que a hostilidade foi reduzida

IMPACTO (IMPACT) – natureza da avaliação (como o projeto foi avaliado, por quem; se se tratou de uma avaliação confiável, sistemática e independente; e que tipo de design de avaliação foi usado)

  • resultados do impacto (o que funcionou, como)
  • relação custo-benefício, cobertura do problema criminal, prazo para implementação e impacto
  • avaliação do processo (que problemas/volte face tiveram de enfrentar na implementação, como é que eles foram resolvidos em cada fase)
  • replicabilidade (quais as condições e infraestrutura contextuais úteis ou necessárias para replicar com sucesso este projeto - ou elementos específicos dele - em cada uma das fases do 5Is)
  • pontos de aprendizagem - positivos e negativos (o que fazer, o que não fazer) 
(Para uma consulta detalhada dos 5Is, cf. Ekblom, 2011)
 
Seguinte: Tópico quatro – Análise de abordagens que funcionam
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