Este módulo é um recurso para professores 

 

Questões chave

 

Desde há muito tempo que o jornalismo é considerado um pilar da democracia, considerando-se a sua função de comunicar ao público as informações vitais, relacionadas às instituições e aos indivíduos nos cargos de poder. É fundamental que os cidadãos estejam informados, para que exista um bom governo e essenciais para a exposição e o combate à corrupção. Isto pressupõe que a informação é precisa, verdadeira e não tendenciosa. Neste sentido, essas são algumas das responsabilidades éticas dos profissionais dos mídia exploradas neste Módulo. As discussões são relevantes para todos os estudantes que sejam consumidores de mídia e queiram entender quais obrigações éticas que devem ser esperadas dos profissionais da comunicação. Além do consumo de mídia, muitos estudantes têm um papel ativo na produção de mídia, especialmente nas redes sociais. O Módulo, após discutir as obrigações técnicas dos profissionais da comunicação, aborda a responsabilidade de todos os indivíduos na prática de comportamentos éticos na criação e disseminação de informações nas redes sociais. Primeiramente, o Módulo examina termos e conceitos chave. 

Termos e Conceitos

Dois conceitos chave usados neste Módulo são “mídia” e “ética”. A palavra ética tem origem no grego ethos, que significa caráter ou o que uma boa pessoa é ou faz para ter um bom caráter. O conceito de ética é explorado em detalhes no Módulo 1 Integridade e Ética (Introdução e Estrutura Conceitual), que apresenta ao estudante a definição de ética de Richard Norman: “a tentativa de chegar a um entendimento da natureza dos valores humanos, de como devemos viver e do que constitui uma conduta correta” (Norman, 1988, p. 1). O dicionário Merriam-Webster define mídia como “o sistema e as organizações de comunicação através dos quais a informação é difundida para um grande número de pessoas”. Uma definição mais atual e familiar para os estudantes é oferecida pelo Dictionary.com, que define os mídia como “os meios de comunicação, [como] rádio e televisão, jornais, revistas e a Internet, que alcançam ou influenciam amplamente as pessoas”.

O conceito de “ética dos mídia” refere-se sobretudo aos padrões apropriados de conduta que os provedores e disseminadores de mídia devem estar atentos em seguir. Com a tecnologia moderna e o aumento da globalização no mundo atual, há muito mais ramos de mídia agora do que no passado. Estas novas formas de mídia trazem à tona novas questões éticas. Por exemplo, atualmente, muitas questões éticas surgem em relação à internet, questões que não existiam há 40 anos. Como resultado da ampla gama de plataformas de mídia e da vasta acessibilidade, dependendo do meio de comunicação em questão, podem surgir diferentes problemas éticos.

A tecnologia também levou ao surgimento do chamado “jornalista-cidadão”, já que as pessoas estão gravando e fotografando acontecimentos dignos de notícia no exato momento em que estes acontecem (Bulkley, 2012). Os jornalistas-cidadão também integram as questões de ética nos mídia e serão discutidos em um dos exercícios. Um tema subjacente ao tópico da ética dos mídia, em seus diferentes ramos, é o potencial conflito entre os padrões de comportamento ético e o desejo das empresas pelo lucro. Estas e outras questões similares são discutidas no Módulo 11 (Integridade e Ética dos Negócios), que se aprofunda nas questões de ética enfrentadas pelos agentes do setor privado e no Módulo 14 (Ética Profissional), que analisa os problemas dos códigos profissionais de ética e da moralidade no exercício de funções.

É importante que os estudantes compreendam que há conflitos de interesse em vários domínios dentro dos mídia e avaliem quais os padrões éticos necessários para os jornalistas, consumidores e empresas ou pessoas que atuem na provisão e disseminação da informação para o público. Como todas as partes envolvidas devem aderir aos padrões éticos, este Módulo considera os princípios éticos para ambos os profissionais e não profissionais dos mídia, envolvidos na criação e disseminação da informação. Desta forma, o módulo permite que os estudantes se envolvam de maneira completa com o material, por meio dos exercícios. 

Princípios éticos para jornalistas e outros provedores de mídia

Embora o Módulo considere as obrigações éticas de ambos os profissionais e não profissionais, deve ser observado que os profissionais dos mídia devem ter padrões mais elevados de ética, pois têm o dever de prover a sociedade com informações precisas, verdadeiras e não tendenciosas, além das obrigações éticas para com a sociedade, derivadas das suas atividades como jornalistas, repórteres, âncoras ou como donos das empresas de comunicação. O papel dos mídia na atualidade é afetado pela comercialização e diversidade dos seus agentes, que incluem os mídia espontâneos e independentes, os mídia empresariais, os grupos de pressão (advocacy), as empresas de comunicação consolidadas, os mídias privados e estatais. As obrigações éticas dos mídia aplicam-se a todos estes.  

Muitas agências de comunicação, plataformas online, associações profissionais e outras organizações têm desenvolvido códigos de ética para jornalistas. Foram adotados em todo o mundo mais de 400 códigos de ética profissional para jornalistas, muitos desses podem ser acessados na base de dados do site Accountable Journalism. O Código de Princípios adotado pela Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), em 1954, foi considerado uma declaração universal sobre a ética no jornalismo. Segundo o Código da IFJ, os valores centrais do jornalismo são a verdade, a independência e a necessidade de minimizar os danos. Outro código de ética influente para jornalistas é o adotado em 2014 pela Sociedade dos Jornalistas Profissionais (SPJ), nos Estados Unidos. O Código de Ética da SPJ está disponível em diversos idiomas incluindo em árabe, chinês, francês, alemão, persa, português, russo e espanhol. O seu preâmbulo estabelece que “o jornalista ético age com integridade” e o código possui quatro princípios fundamentais que convoca os jornalistas a: (1) buscarem a verdade e reportá-la; (2) minimizarem os danos; (3) agirem de forma independente; e (4) serem responsáveis e transparentes. Em cada princípio, o Código de Ética da SPJ contém outras diretrizes e convida os jornalistas a abordarem seu trabalho tendo em mente os mais elevados padrões de ética. Esses princípios, que são discutidos em mais detalhe em baixo, aplicam-se tanto ao jornalismo profissional quanto às formas modernas de mídia, como o Facebook, YouTube, Instagram, Twitter e Linkedin. Apesar de alguns exemplos a seguir serem do Código da SPJ, estes se aplicam de forma universal, uma vez que princípios e valores similares estão incluídos em outros códigos de jornalismo no mundo.  

(1) “Busque a verdade e reporte-a”

Com relação ao primeiro princípio (busque a verdade e reporte-a), segundo o Código da SPJ, o jornalista devem assumir a responsabilidade pela precisão do seu trabalho, confirmar as informações antes de divulgá-las e basear-se em fontes originais, sempre que possível. O Código promove e incentiva os jornalistas a usarem o seu trabalho para aferirem da transparência por parte daqueles que estão no poder. Por exemplo, o Código exige que os jornalistas sejam persistentes e corajosos em seus constantes esforços para responsabilizar aqueles que estão no poder. Os Jornalistas, segundo o Código da SPJ, devem oferecer uma plataforma aos indivíduos que não tenham voz na sociedade. O Código também estabelece que os jornalistas devem apoiar o diálogo aberto e civilizado, em que diferentes pontos de vista sejam trocados, ainda que o próprio jornalista considere tais pontos de vista questionáveis. Os jornalistas carregam uma responsabilidade especial de serem vigilantes do governo e dos assuntos públicos. Além disso, os jornalistas devem se empenhar para garantir a transparência dos registros e negócios públicos. Neste sentido, o Código da SPJ, aparentemente, promove a ideia de que os jornalistas têm o dever de fornecer informações precisas ao público, facilitar o acesso livre e transparente ao governo e a outros indivíduos em posições de autoridade, oferecer para aqueles não tem voz na sociedade uma oportunidade de falar e compartilhar as suas crenças, perspectivas e experiências.

Os especialistas em ética dos mídia são unânimes quanto ao valor e a importância da busca da verdade por parte dos jornalistas. Os jornalistas e as empresas de jornalismo devem ser verdadeiros e as suas reportagens devem representar com precisão os problemas ou notícias apresentados. No entanto, ainda com isso em mente, também é de importância fundamental que os jornalistas mantenham o respeito pela privacidade individual, na sua busca da verdade. Às vezes, o direito individual à privacidade pode colidir com a necessidade do público de conhecer a informação. Há obrigações éticas em ambos os lados de cada decisão e, portanto, os jornalistas enfrentam escolhas difíceis. 

(2) “Minimize os danos”

Neste segundo princípio, os redatores do Código da SPJ enfatizam que os jornalistas também têm o dever de minimizar os danos que poderiam ser causados por suas reportagens. Além disso, o jornalismo ético demanda que as fontes, sujeitos de interesse (e.g. entrevistados), colegas e membros do público sejam tratados como seres humanos, com o devido respeito que merecem. Assim, os jornalistas devem considerar os direitos individuais de privacidade, bem como o impacto que as suas reportagens podem ter sobre as pessoas em geral. O Código estabelece que os jornalistas têm o dever de mostrar compaixão para com os indivíduos que possam ser afetados pela cobertura jornalística, que pode envolver crianças e adolescentes ou vítimas de crimes. Os jornalistas também devem ser atenciosos com as diferenças culturais, ao refletir sobre as formas que as notícias ou informações podem ser recebidas. O Código aconselha jornalistas a mostrarem uma “maior sensibilidade” nessas circunstâncias (Sociedade dos Jornalistas Profissionais, 2014).

A tensão entre os objetivos concorrentes de publicar informações para o bem maior do público e abster-se de compartilhar tais informações a fim de proteger os direitos individuais de privacidade, levanta questões éticas e exige que os jornalistas considerem e ponderem diversos fatores quando estando perante tais decisões estratégicas. Os danos ao indivíduo podem assumir a forma de invasão de privacidade ou disseminação de informações que ofendam ou prejudiquem este indivíduo de alguma maneira. 

Nessas decisões, os jornalistas devem considerar as diversas escolas de pensamento, incluindo a ética da virtude, o utilitarismo e a deontologia (Ess, 2013, p. 262), que são discutidas no Modulo 1 - Integridade e Ética. A premissa básica do utilitarismo é que a moralidade de uma ação depende de esta maximizar o ‘bem-estar’ (ou a felicidade) social geral. Mais especificamente, o utilitarismo é a ideia de que o objetivo de uma ação deve comportar o maior equilíbrio possível entre o prazer e a dor ou a maior felicidade para o maior número possível de pessoas (vide Módulo 1 para outras explicações e fontes).

O utilitarismo pode justificar a revelação da informação para o público, apesar de se cometer uma leve violação dos direitos de privacidade, ou pode justificar a retenção da informação, a fim de se proteger os direitos de privacidade, em certas circunstâncias. O utilitarismo pode justificar a privacidade individual e, de maneira correlata, os direitos de propriedade, à medida que tais coisas conduzam a uma maior felicidade para o maior número possível de pessoas, em oposição a ser somente aquele indivíduo. O utilitarismo pode ser usado para justificar o sacrifício da privacidade de alguns poucos indivíduos, caso este facilite o maior acesso às informações para o público geral.

Os deontologistas, por outro lado, apresentam uma perspectiva oposta: oferecem uma defesa mais direta aos direitos individuais de privacidade, pois estes direitos são indiscutivelmente necessários para nossa existência e práticas enquanto agentes morais autônomos. Assim, os deontologistas favoreceriam a proteção da privacidade individual, em vez da divulgação de informações que serviriam para o bem maior em detrimento do indivíduo. A deontologia também é definida no Módulo 1. A sua premissa básica, segundo o Módulo, é que a moralidade depende da conformidade com certos princípios ou deveres, independentemente das consequências. Portanto, a resposta dos deontologistas para a questão da ética dos mídia seria que não devemos violar os direitos à privacidade de terceiros, assim como não queremos ter os nossos próprios direitos à privacidade violados.

Tais perspectivas opostas apresentam diferentes abordagens às questões de ética dos mídia e são particularmente relevantes ao abordarem, por um lado, as questões de proteção à privacidade individual e de minimizarem o dano, enquanto, por outro, servem o bem público maior. 

(3) “Aja de forma independente”

Os jornalistas também devem agir de forma independente, segundo o terceiro princípio delineado no Código da SPJ. Neste princípio, os redatores do Código enfatizam que a principal responsabilidade do jornalismo ético é servir ao público (Sociedade dos Jornalistas Profissionais, 2014, nota de rodapé 6). Assim, os jornalistas devem colocar o público em primeiro lugar, negando qualquer tratamento especial para anunciantes, doadores ou quaisquer outros interesses especiais e resistir às pressões, interna e externa, para influenciar a cobertura, o que exige que os jornalistas recusem presentes e evitem quaisquer conflitos de interesse.

Em 2015, no Canadá, houve um exemplo de conduta que viola o princípio da ação independente. Leslie Roberts, âncora de noticiário da Global Toronto, uma agência de notícias no Canadá, pediu a demissão de seu cargo na rede, devido às graves alegações de conflitos de interesse (Global News, 2015). Roberts admitiu publicamente que era sócio de uma empresa de relações públicas cujos clientes apareciam nos programas da Global News. Ele nunca informou à direção da Global News sobre sua ligação com a empresa. Um conflito de interesses como este levanta graves questões éticas, uma vez que os mídia têm o dever de prestar informações independentes e não tendenciosas. Se um âncora de um jornal e uma agência de notícias estão apresentando informações tendenciosas ao trazerem determinados convidados que, de alguma forma, possam ter sido incentivados a passar uma mensagem específica ao público, o dever com a verdade foi violado. Esta conduta é contrária ao princípio de agir de forma independente, estabelecido no Código.

A entrega de “envelopes marrons,” contendo altas quantias de dinheiro para jornalistas, em troca da publicação de suas histórias é um outro exemplo de conduta que viola o terceiro princípio. Essa tendência de “troca de favores” é fundamentalmente oposta ao princípio da independência no jornalismo e permite que os mídia veiculem informações tendenciosas e manipuladas (Nwaubani, 2015). 

(4) “Seja responsável e transparente”

Em seu quarto princípio, o Código da SPJ aconselha os jornalistas a serem responsáveis e transparentes. Estes profissionais devem explicar as suas as escolhas e processos éticos para seus expectadores e devem reconhecer publicamente qualquer erro. Também devem corrigir tais erros de forma evidente e imediata. No exemplo dado acima, Leslie Roberts veio a público reconhecer que os jornalistas têm o dever de expor perante o público qualquer conduta antiética, incluindo ações dentro de suas próprias organizações, uma vez que o Código também estabelece que o jornalismo ético inclui “assumir responsabilidade pelo seu trabalho e explicar as suas decisões para com o público.” A Global News reconheceu a conduta antiética de Roberts e divulgou a seguinte declaração, após a sua demissão: “A Global News mantém o seu compromisso para com o jornalismo ético e equilibrado, produzido para servir ao interesse do público.” A rede também tornou pública a carta de demissão de Roberts, na qual admitia que sua própria conduta antiética era o motivo da sua demissão e pediu desculpas dizendo: “Arrependo-me das circunstâncias, especificamente a falha em revelar a informação, o que levou a este resultado” (Global News, 2015). A postura moralmente correta que a Global News adotou ao lidar com esse conflito de interesses, preserva os princípios estabelecidos no Código e mantém os altos padrões de comportamento dos jornalistas, que são parte fundamental de qualquer discussão sobre ética dos mídia.

Em resumo, os jornalistas têm o dever de (1) buscar a verdade e reportá-la; (2) disseminar as informações de forma a minimizar os danos para o público; (3) agir de forma independente na provisão dessas informações; e (4) ser responsável e transparente ao longo deste processo. Tais deveres éticos dos jornalistas são conceitos fundamentais da ética na mídia. 

(5) Objetividade

Um quinto dever ou princípio que pode ser discutido em aula é o conceito de objetividade. Há muito tempo considerada uma norma no jornalismo, a objetividade é atualmente objeto de um significativo debate, que tende a reconhecer a transparência como um princípio preferível. Embora os seres humanos nunca sejam verdadeiramente objetivos, podemos ao menos revelar os nossos referenciais. Em seu artigo Objectivity and Journalism: Should We Be Skeptical? [Objetividade e Jornalismo: Deveríamos ser céticos? – em tradução livre], Alexandra Kitty analisa mais profundamente esta ideia (2017).  

Princípios éticos para jornalistas civis e consumidores de mídia

Embora as obrigações éticas mais conhecidas no mundo dos mídia sejam aquelas devidas pelos jornalistas ao público, os indivíduos que não sejam profissionais dos mídia também têm a responsabilidade de agir com integridade, em seu uso e consumo dos mídia.

Para ilustrar essa obrigação, primeiramente, este Módulo abordará o caso das pessoas que são frequentemente referidas como “jornalistas-cidadãos”. Estas pessoas não são profissionais dos mídia. Geralmente, são apenas passantes com um smartphone em mãos. No entanto, estas pessoas, às vezes, têm acesso aos acontecimentos, no exato momento em que estão acontecendo, o que não é sempre possível para os jornalistas. Devido à natureza global das redes sociais, os jornalistas-cidadãos têm o poder de compartilhar os seus registros e fotos com um número quase ilimitado de pessoas.  Alguns exemplos deste fenômeno foram vistos quando milhares de pessoas postaram suas experiências durante o Furacão Sandy, em 2012, o terremoto de Fukushima, em 2011, o bombardeamento da Maratona de Boston, em 2013, os ataques terroristas em Paris, em 2015, além de vários outros conflitos globais. Apesar de isso ser bastante útil em muitos casos, também pode levar à dissiminação de boatos perigosos e declarações falsas.

Os cidadãos comuns nunca devem ser desencorajados a compartilhar o que veem. No entanto, o crescente poder da sua posição, devido às redes sociais, cria um dever ético de agir com cuidado. Os jornalistas-cidadãos devem se esforçar para ter a mesma integridade esperada dos mídia profissional de notícias. Isto significa fazer perguntas antes de compartilhar o material online, tais como:

  • O que eu estou postando é uma informação precisa?
  • Minhas fontes de informação foram verificadas?
  • Alguém será prejudicado pelo compartilhamento desta informação?

Afinal de contas, o objetivo dos jornalistas-cidadãos deve ser contribuir para um melhor entendimento, por parte da sociedade, sobre o que está sendo reportado. Este padrão não se aplica somente às pessoas que estão postando os acontecimentos, mas também àqueles que criam conteúdos de alguma maneira.

As obrigações éticas dos usuários das redes sociais também merecem atenção. Embora os usuários das redes sociais não estejam sempre criando novos conteúdos, eles tomam decisões sobre qual o conteúdo que compartilham com os outros.Grande parte dos mídia sendo atualmente publicada online não é muito claramente identificada, como notícia ou opinião, o que não acontecia com os mídia impressos do passado. As propagandas são, frequentemente, muito parecidas com declarações e os artigos não mencionam o nome do autor ou das fontes. Esta confusão pode ser vista globalmente nas discussões sobre o problema das “fake news”.

Nos Estados Unidos, uma pesquisa publicada pelo Pew Research Center, em 16 de dezembro de 2016, logo após as eleições americanas, mostrou que 23% dos entrevistados compartilharam notícias inventadas nas redes sociais, seja de forma consciente ou inconsciente. Segundo esta mesma pesquisa, 64% dos entrevistados disseram que o fenômeno das fake news causou uma confusão significativa nos atuais acontecimentos.

A partilha e a promoção destas histórias nas redes sociais pode não apenas causar confusão, mas também pode ser danoso. Os boatos e inverdades podem prejudicar reputações e, até mesmo, colocar outras pessoas em perigo. Embora uma pessoa compartilhando uma história falsa possa passar despercebida, geralmente há um impacto coletivo.

O curso ético da ação por parte dos usuários das redes sociais é parar de contribuir com a dispersão de informações erradas. A fim de evitar este problema, os usuários das redes sociais devem avaliar criticamente o conteúdo antes de compartilhá-lo.

Para avaliar a credibilidade de um artigo ou reportagem, os usuários das redes sociais devem fazer perguntas similares a estas:

  • Quem é a fonte? O autor?
  • O autor está estabelecendo um fato ou dando uma opinião?
  • A notícia contém fontes ou citações que possam ser verificadas?
  • A notícia usa linguagem destinada a provocar reações emocionais?

Estudos mostram que alguns membros do público têm uma grande dificuldade em avaliar a credibilidade dos conteúdos nas redes sociais. Sabendo disso, é ainda mais importante pensar nas implicações éticas do que compartilhamos online.

Em conclusão, este Módulo ilustra que a ética dos mídia se aplica a todos nós, independentemente da pretensão de cada um de se tornar profissional dos mídia ou não. Em vista disso, a seção a seguir sugere atividades de aula por meio das quais os estudantes podem desenvolver as questões discutidas acima.

 

Referências bibliográficas

  • Barthel, Michael, Amy Mitchell and Jesse Holcomb (2016). Many Americans believe fake news is sowing confusion. Pew Research Center: Journalism and Media, 15 December.
  • Bulkley, Kate (2012). The rise of citizen journalism. The Guardian, 10 June.
  • Ess, Charles M. (2013). Global media ethics? Issues, requirements, challenges, resolutions. Stephen J.A. Ward, In Global Media Ethics: Problems and Perspectives, Stephen J.A.Ward, ed.Chichester, Sussex, United Kingdom: John Wiley & Sons.
  • Global News (2015). Leslie Roberts resigns from Global News in wake of internal investigation, 15 January.
  • Kitty, Alexandra (2017). Objectivity and Journalism: Should We Be Skeptical?
  • Norman, Richard (1998). The Moral Philosophers. Oxford: Oxford University Press.
  • Nwaubani, Adaobi Tricia (2015). Nigeria's 'brown envelope' journalism. BBC News, 5 March.
  • Society of Professional Journalists (2014). SPJ code of ethics, 6 September.
 
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